Educadores do Brasil e África discutem projetos pedagógicos

Por Rosangela Maria Cunha em 29 de setembro de 2009
Brasil, Paquistão e países africanos têm um objetivo em comum: ampliar o acesso ao ensino superior por meio da educação a distância (EAD). Mas para isso é necessário que alguns desafios sejam superados com projetos pedagógicos adequados, maior acesso tecnológico e qualidade de ensino. As características de projetos de EAD foram apresentadas, nesta segunda-feira, 28, por especialistas reunidos no 15º Congresso Internacional de Educação a Distância, em Fortaleza. O evento conta com a presença de 1.500 pessoas até a próxima quarta-feira, 30. Entre eles, especialistas brasileiros e de mais seis países.

Preocupado com a qualidade dos cursos brasileiros, o secretário de Educação a Distância do Ministério da Educação, Carlos Eduardo Bielschowsky, destacou a criação, em 2007, dos referenciais de qualidade. A oferta de polos presenciais, bibliotecas, material didático e outros requisitos foram discutidos com a comunidade acadêmica para garantir melhorias nos cursos de graduação a distância do Brasil. “Foi um avanço enorme para a área”, afirma.

O secretário apresentou o trabalho de supervisão realizado pelo Ministério da Educação. Atualmente, 38 instituições de ensino superior, responsáveis por 68% dos estudantes de EAD, estão sendo analisadas do ponto de vista pedagógico e de infraestrutura. Desde o ano passado, 12 delas assinaram termo de ajuste de deficiências e uma está em processo de descredenciamento. Atualmente, 16 instituições estão sendo visitadas pelas equipes de supervisão.

“A educação a distância é um instrumento de democratização do ensino e tem crescido muito nos últimos anos. Estamos chegando a quase um milhão de estudantes de graduação”, estima o secretário. A Universidade Aberta do Brasil (UAB), que reúne 74 instituições públicas de todo o país, possui 562 polos ativos e 140 mil estudantes, com 521 cursos. Até 2010 deve chegar a 600 mil alunos.

O reitor da African Virtual University (AVU), Bakary Diallo, do Quênia, destacou o projeto de educação a distância que abrange 17 países africanos. Ele acredita que a África, Brasil e Paquistão precisam da educação em todas as suas modalidades para promover a justiça social. “Enfrentamos dois grandes desafios: o acesso à tecnologia e as diferenças culturais”, diz. Os materiais didáticos são preparados em inglês, francês e português. A instituição possui 40 mil alunos e existe há 12 anos.

Diallo contou que a universidade foi financiada, no início, pelo Banco Mundial e agora é uma organização não governamental que busca alternativas de sustentabilidade.

Outro problema da AVU era oferecer cursos de qualidade. Por isso, foi desenvolvida uma arquitetura própria de aprendizagem utilizando as tecnologias da informação e comunicação. “O nosso foco é o ensino-aprendizagem e a tecnologia é o nosso meio”, disse. Hoje, eles possuem 53 polos em 18 países que oferecem cursos nas áreas de matemática e ciências.

O professor Mahmood-ul-Hassan Butt, do Paquistão, comparou a população do Paquistão à do Brasil. São 180 milhões de paquistaneses. “Assim como o Brasil, temos uma grande diferença social e falta de acesso ao ensino superior. Seria muito difícil avançar sem a educação a distância”, afirmou. Para Butt, a qualidade é um conjunto de desafios, e entre eles está a observação das potencialidades locais, a qualificação de docentes (como prepará-los?), a excelência e serviços em pesquisa. “A missão da nossa universidade aberta é transformar a vida das pessoas, oferecendo o melhor conteúdo. A forma não importa”, defende.

Fonte: Jornal de Brasília - DF

0 comentários:

Postar um comentário