E-teaching: a segunda onda do EAD

Por Rosangela Maria Cunha em 17 de maio de 2010

Muito tem sido feito e falado sobre educação. Mais recentemente, com a internet, ganhou força o que ficou conhecido como e-learning. Mas o que é isso? Na esteira do eletronic-mail, o popular e-mail, tudo o que foi levado do mundo real para a condição virtual ganhou o prefixo “e”. Decorrem daí o e-commerce (comércio eletrônico) e o e-business (negócios eletrônicos), por exemplo.

A educação também foi levada para a Internet — ou melhor, essa, a Internet, nasceu no meio acadêmico. Como um depósito infinito em sua limitação de espaço, era natural que o mundo do conhecimento ocupasse um lugar de destaque na rede internacional de informação. Ganhou espaço na vida cotidiana o termo e-learning, e sua associação como sinônimo de educação a distância na internetfoi imediata e natural. Entretanto, essa associação carece de um melhor entendimento.

Comecemos esse entendimento pela vertente semântica. Educação é uma via de mão dupla. Compreende dois vastos mundos: o aprender e o ensinar. No mundo do personal computer (PC), era natural que se desenvolvesse a EAD seguindo a vertente do aprender a distância, uma vez que os alunos se encontram fora das salas de aula. Tanto que as plataformas mais difundidas, bem como as iniciativas mais encontradas pelas ferramentas de busca na internet primam pela oferta de ações de e-learning.

A melhoria da conectividade e a proliferação do acesso à rede em banda larga permitem agora o desenvolvimento da segunda vertente ou a segunda onda do EAD na Internet. Refiro-me ao ensinar a distância, ou, por analogia, ao e-teaching. A disponibilização de conexões que permitem a navegação on-line em tempo real de imagem e voz com qualidade e as plataformas de videoconferência baseadas na web abrem portas para um sem número de salas de aulas conectadas à internet, possibilitando uma interatividade jamais imaginada e agregando valor incalculável ao desenvolvimento do saber. Supor uma aula em que o professor, especialista em determinado tema, a partir de sua base — laboratório, área de teste ou afim — exponha seu conhecimento utilizando-se de ferramentas audiovisuais (powerpoint, vídeos, imagens, entre outros) a grupos de alunos concentrados em salas de aulas preparadas para esse fim (com datashow, telão, webcam, microfones e equipamentos de som) espalhadas por todo o globo ter restre é hoje algo factível, real e acessível a custos módicos. Mais ainda, a interatividade, a troca efetiva de experiências exclusivas de quem se submeteu à determinada condição é também real, visto que as salas estão também conectadas entre si e a troca é multilateral, num sistema em que trocar é construir habilidades.

Nessa segunda onda, a EAD ganha seu caráter globalizador ao tornar o planeta algo pequeno frente ao tamanho do universo disponível. Com o e-teaching, inicia-se a formação do profissional global apto a enfrentar realidades também globais. Submeter-se a uma educação global passa a permitir o acesso, a conhecer antecipadamente realidades diferentes, ampliando a capacidade de conhecimento e consequentemente competência na identificação e solução de problemas ou aproveitamento de oportunidades. As plataformas de videoconferência baseadas na web disponíveis estão cada vez mais acessíveis e versáteis, compatibilizando amigabilidade de uso e disponibilidade de recursos. Por sua vez, a oferta de cursos usando tais recursos tem também permitido o desenvolvimento de metodologias cada vez mais inovadoras e eficientes em sua ação de promover a difusão do saber.

A interatividade e o consequente networking — tão importante no mundo dos negócios globalizados — são assegurados, garantindo a harmonia e a qualidade do ambiente de ensino-aprendizagem. Apoiar, promover e fundamentalmente reconhecer a contribuição do e-teaching é papel de todos, principalmente daqueles responsáveis pela tomada de decisão sobre verbas de treinamento das muitas empresas que buscam na qualificação de seus profissionais a perenidade eficiente de seus negócios.

ANTONIO CÂNDIDO CARNEIRO DE AZAMBUJA NETO
Fonte: Correio Braziliense

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