Alunos não usam sistemas virtuais para comunicar e interagir

Por Rosangela Maria Cunha em 9 de março de 2010
Uma maioria de alunos considera os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) uma simples ferramenta de consulta de materiais, não aproveitando a maior parte das funcionalidades de interação e comunicação oferecidas. O professor de Sistemas de Informação Silvio Carvalho Neto estudou a importância dos AVAs como ferramenta de apoio ao ensino tradicional, em seu doutorado, defendido em dezembro de 2009, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP.

Carvalho Neto explica que os AVAs são sistemas de informação computacionais que têm a capacidade de oferecer, no ambiente virtual, ferramentas de auxílio à aprendizagem, como chat, podcast, wiki, vídeos, conteúdos para download, envio de tarefas aos alunos, questionários online, dentre outras formas de interação.

O professor entrevistou alunos do Centro Universitário de Franca (Uni-FACEF), no interior de São Paulo, que utilizavam os AVAs como ferramenta de apoio em aulas presenciais. “Eles responderam um questionário sobre alguns indicadores de qualidade a respeito sistema, tais como: satisfação do uso, atratividade do ambiente, uso frequente, aumento do nível de uso, estímulo no aprendizado, esforço e concentração, facilidade na aprendizagem, entre outros”, conta o professor.

Também foram abordados dois grupos maiores, um referente à qualidade da informação contida nos AVAs, como confiabilidade, exatidão, atualidade e facilidade de entendimento; e outro, referente à qualidade do sistema em si, como atratividade visual, segurança, facilidade de acesso e interatividade.

O objetivo foi avaliar que ferramentas são mais importantes para que um AVA auxilie melhor o aprendizado. Foram feitas duas pesquisas de campo com os alunos. “A primeira relacionou as características de qualidade da informação e da qualidade do design do sistema com as dimensões de frequência de uso, satisfação e benefícios identificados no AVA. A segunda pesquisa avaliou quais as características que os alunos consideram mais importantes nos AVAs, de acordo com a satisfação e expectativa em relação às ferramentas do sistema”, explica Carvalho Neto.

Na primeira pesquisa, o professor observou que, apesar de os alunos considerarem que a qualidade do sistema impacta mais na satisfação do usuário do que a qualidade do conteúdo disponibilizado, ambas as dimensões foram consideradas como normais para os alunos, ou seja, elas foram consideradas como determinantes na avaliação do AVA.

Os estudantes avaliaram que a dimensões de qualidade da informação que mais importam nos AVAs são: confiabilidade, relevância e exatidão. Assim como, o que mais contribui para a qualidade do sistema é a facilidade de navegação, velocidade, funcionalidade e interatividade.

A análise das respostas da segunda pesquisa indicou que as funcionalidades mais importantes para os AVAs foram as relativas à qualidade do sistema, como disponibilização de materiais de aula para download, retorno de atividades, acessibilidade, presença de glossário, de informações gerais, links, mural e mecanismos de busca. “As menos valorizadas são a presença de lista de participantes, bloco de notas, histórico de atividades e disponibilização do ambiente em vários idiomas”, conta Carvalho Neto.

Na questão da análise da importância das funcionalidades de interação, como os blogs, chats e outras formas de comunicação, os alunos se mostraram indiferentes quanto à presença desses artifícios dentro do sistema. “Os alunos consideraram como importantes ferramentas que eles já encontram na sala de aula, ou seja, fora dos ambientes virtuais, como material didático para download, acesso ao professor, informações sobre a disciplina e perguntas frequentes”, diz o professor.

Uso limitado
Carvalho Neto entende que a conclusão mais importante do estudo é que os alunos consideram os AVAs mais como uma ferramenta de disponibilização de materiais, e não como um sistema de interação entre alunos e professores. “A continuidade na utilização do AVA está condicionada à maior qualidade do sistema e da informação, que trarão mais benefícios e satisfação ao usuário”, diz.

O professor ressalta que a importância do estudo está no fato de que as escolas, cursos e faculdades estão investindo, cada vez mais, em sistemas virtuais para auxiliar no ensino. E que a educação caminha para um sistema de ensino híbrido, com o uso de ambientes virtuais em conjunto com as aulas presenciais. “Pensando nisso, o estudo fornecerá subsídios para que empresas que desenvolvem AVAs e instituições de ensino que as utilizam possam avaliar, de forma precisa e sistemática, a qualidade dos próprios sistemas.”

Fonte: Paulo Roberto de Andrade (Agência USP de Notícias)

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