Mulheres são a maioria na EaD

Por Rosangela Maria Cunha em 9 de março de 2010
As mulheres estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho, inclusive em áreas antes dominadas pelo universo masculino, e grande parte dessa conquista é resultado da preparação pelos estudos. Segundo dados do IBGE (2006-2008), a maioria da população feminina estuda por onze anos ou mais e elas ainda se destacam, em relação aos homens, no grupo com mais anos de estudos. Nesse contexto, o ensino à distância (EAD) tem sido um grande aliado feminino: as mulheres são grande maioria no ensino à distância no Brasil. Elas representam de 70 a 80% do total de matriculados em graduações nessa modalidade de ensino, e tais dados se repetem também no Estado de São Paulo, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira(Inep).

A proporção entre ingressantes e candidatos no ensino à distância é a mesma para homens e mulheres (em torno de 30% entre os anos de 2000 a 2007), o que significa que não existe diferença de desempenho entre os gêneros no processo seletivo, mas que o maior número de mulheres matriculadas reflete a maior procura das mesmas por cursos nessa modalidade de ensino. E a taxa de conclusão é compatível com a porcentagem de matrículas, ou seja, a maioria dos matriculados e concluintes dos cursos de graduação à distância são mulheres.

Inicialmente, todos os cursos de graduação EAD no Brasil eram na área de educação, na qual as mulheres se concentram até hoje. O mesmo perfil se repete na graduação presencial, onde as mulheres representam cerca de 70% dos estudantes da área. A partir de 2002, o leque de cursos à distância começou a se diversificar nas chamadas "grandes áreas". No entanto, a área de educação ainda representa a maioria de matriculados em cursos de graduação à distância, ficando em segundo lugar Ciências sociais, negócios e direito.

As áreas de Ciências, matemática e computação, Engenharia, produção e construção e Agricultura e veterinária, os homens predominam, com grande maioria dos matriculados. Já na área de Ciências sociais, negócios e direito, nas qual os homens predominavam até 2004, as porcentagens entre os sexos já se igualou (em torno de 50% para ambos). Na área de Ciências, matemática e computação, na qual predominavam as mulheres até 2003, houve uma inversão nas porcentagens, de forma que no ano de 2007 os homens já representavam cerca de 80% dos matriculados.

A partir de 2004, com a criação de cursos tecnológicos na modalidade à distância, esse tipo de curso passou a representar aproximadamente um quarto dos matriculados em EAD, proporção essa que se mantém ao longo dos anos, com predominância do sexo masculino. No entanto, a licenciatura plena ainda retém a maioria dos estudantes dessa modalidade de ensino, nas devidas proporções por gênero de matriculados em EAD.

TIC e gênero
De acordo com o Global Gender Gap Index 2008, um ranking da ONU que avalia a diferença entre homens e mulheres em 128 países, o Brasil aparece na primeira posição, juntamente com alguns outros países, no quesito ‘acesso à educação". De fato, as mulheres representam cerca de 55% dos matriculados nas graduações presenciais no Brasil e no Estado de São Paulo, refletindo a proporção entre os gêneros na população em idade universitária.

Quando o assunto é participação no mercado de trabalho, no entanto, e apesar de as mulheres terem alcançado grandes avançados nesse sentido nos últimos anos, o Brasil ainda fica na posição 72 do ranking mundial. No quesito igualdade de salário a situação piora (ficamos na posição 100).

A educação em sua forma digital pode ser uma bela oportunidade para suprir aspectos que facilitarão ainda mais o caminho para a redução da distância entre homens e mulheres no mercado de trabalho. E as mulheres já provaram que sabem a importância do uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs) para isso. A maior prova é a maciça presença feminina no ensino à distância. Apesar de somente 41% das mulheres terem acesso à internet (pelo menos alguma vez na vida), 74% delas usam tal ferramenta para a educação (pesquisa TIC Domicílios, 2008).

Para Anita Gurumurthy, pesquisadora na área de gênero, desenvolvimento e TICs, e diretora executiva do IT for Change, ONG sediada em Bangalore (Índia), a sociedade da informação traz uma nova oportunidade para a justiça de gênero, que vai além da geração de empregos na economia da informação global. "As TICs podem ser vistas como arautos de novas liberdades para as mulheres. [...] A sociedade da informação rompe barreiras de aprendizagem e conhecimento impostas por sistemas baseados na palavra escrita e na tecnologia da impressão, afirmando construções alternativas de realidade para além dessa palavra escrita", afirma a pesquisadora em artigo apresentado na reunião do GAID (Aliança Global para TICs e Desenvolvimento) em Kuala Lumpur, maio de 2008.

Fonte: Secretaria de Ensino Superior - SP

0 comentários:

Postar um comentário